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SEXO COM QUALIDADE 

Vôos. Sonhos. Magia.

Quando vou ao circo, adoro ir ao circo, fico com a emoção aguçada, o coração acelera, a ansiedade me invade e minhas mãos ficam suadas, meu lado mais menina se sobressai e aquela pequena que sempre amou ir ao picadeiro vem à tona, permitindo que a ingenuidade se exacerbe a ponto de ficar parecendo uma boba da corte.

Se o circo nos permite adentrar no mundo das possibilidades imagine então sonhar com ele. Esse mundo não só se torna possível, torna-se incrivelmente real. A lupa de tais sensações se multiplica em mil.

O circo dos meus sonhos era imenso, muito iluminado, cheio de cores, bem no centro da terra, cercado por um fantástico parque de diversões, no qual se podem encontrar brinquedos extraordinariamente absurdos, a ponto de não caber na imaginação. Delirava com todos eles, meus olhos arregalavam a medida que estava próxima de cada um, sim, só me aproximava, não ia dentro deles por que na verdade os sobrevoava, não tinha asas nem capa de super-herói apenas voava exatamente como o Peter Pan...

Com todo esse fascínio pelo parque não entrei no circo, todavia, o admirava de lugares pouco prováveis de se avistar, lá dos altos dos céus. Com esse espírito infantil de Peter me divertia ao passar entre o trem fantasma, o carrossel, em olhar a roda gigante de um ângulo superior, sempre com o canto do olho voltado para o centro de tudo, o Circo.

Chegar ao topo da montanha russa, parar, olhar toda aquela dimensão, respirar fundo e mergulhar de cabeça em sua descida ao lado dos que ali estavam presos aos seus carinhos. Nossa!!! Que sensação louca e ao mesmo tempo maravilhosa. A liberdade imperou de certa forma que tudo parecia de fato real, senti literalmente aquele friozinho na barriga quando se cai de uma altura de 45m via um desses brinquedos que tem o poder de nos proporcionar tal emoção.                             

Aos poucos fui despertando e dando-me conta que era tudo sonho, um lindo sonho. Ainda tonta fui retornando para o mundo real, menos real que o anterior, foi então que entendi o frio na barriga e toda aquela experiência aérea que estava vivendo, simplesmente estava viajando de avião, meus vôos rasantes, as curvas e voltas em torno do Grande Circo, os tremores da montanha russa nada mais eram que subidas, descidas e turbulências oriundas de habituais viagens aéreas.

Sonhar que está voando enquanto se viaja de avião tudo bem, mas como se explicar vôos sobre o circo rodeado de um parque de diversão? Talvez isto se dê pelo meu inconsciente, pela paixão a este lugar e pela magia do mundo das possibilidades.

Romana Melo

Campinas, 15 de fevereiro de 2014.

desenho: Henrique da Paz